Em um início de tarde, encontra-se lendo um livro que logo de capa, ou de cara, como quiser, já havia tido a sensação de que este, apesar de pequeno, não seria agradável. Mas a questão era exatamente o costume. Estava habituado a ler pela capa, tirar suas próprias "conclusões" através de algo que poderia apenas ser alguma artimanha de qualquer editor de livros espalhado por aí.
Surpresa! Suas páginas começaram a instigá-lo. "Dúvidas podem ser esclarecidas?" Quais incertezas vieram com ele? "Eu, assim como outro qualquer ser humano, posso duvidar, ou devo apenas crer absolutamente em tudo o que apresentaram?"
Talvez tenha sido por medo, ou simplesmente porque nunca havia parado para questionar, questionando assim uma dimensão a seu redor. Pode ser que nunca quis passar por algum julgamento como Sócrates passou ou porque nunca teve a audácia de tornar qualquer coisa um pouquinho mais complicada.
Acho que ele foi criado para pedir desculpa, e se necessário, pediria misericórdia também. Essa era a diferença que lhe foi mostrada durante a leitura, isso era o que lhe indignava. Dignidade? Seria agora capaz de dizer o que é isso? Se fosse honesto consigo mesmo, creio que não mais se submeteria a falar disso sem ao menos fazer uma reflexão sobre tudo aquilo que já havia vivido.
Percebera então que cometeram injustiças com ele e tais estavam sendo retribuídas para outros frequentemente. Foi injusto, mesquinho, dependente e, às vezes, correto demais em suas simulações. Contudo, por um momento encontrou a possibilidade de mudança, de tentar descobrir quem realmente era ou poderia vir a ser. Morreria por seus novos, ou resgatados, princípios? Viveria, acima de tudo, por eles? Penso que isso ainda não sabia, mas agora já levava consigo um exemplo: Sócrates fez isso, e faria novamente se possível.